Professores e estudantes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) apresentaram ao Ministério da Saúde (MS), na última semana, o protótipo de uma solução inédita para o gerenciamento da saúde de trabalhadores do Sistema Único de Saúde (SUS) em todo o Brasil. A tecnologia foi exposta durante seminário nacional realizado na Universidade Federal da Bahia (UFBA), em Salvador.

O projeto, desenvolvido no âmbito do Instituto Metrópole Digital (IMD/UFRN), tem como objetivo permitir o acompanhamento sistemático da saúde de profissionais que atuam junto a todo o Sistema Único, em nível nacional, e subsidiar a formulação de políticas públicas mais efetivas por parte do MS.

Isso inclui as condições de trabalho de colaboradores em todos os âmbitos de atuação, desde médicos e enfermeiros a assistentes de serviços gerais e administrativos.

Atualmente em fase de prototipação, o sistema foi concebido como uma versão ampliada de outro já existente, operacionalizado pela Secretaria de Estado da Saúde Pública do Rio Grande do Norte (Sesap/RN), com foco no Serviço de Saúde e Segurança do Trabalhador (SOST).

Condições de trabalho

A ideia do SOST Nacional é realizar um monitoramento contínuo das condições de trabalho dos profissionais do país, reunindo programas e laudos exigidos pela legislação brasileira – como o Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), laudos de insalubridade e periculosidade, além do Perfil Profissiográfico do Profissional (PPP), que registra todo o histórico laboral do trabalhador.

De acordo com o pró-reitor de extensão da UFRN Edvaldo Carvalho, coordenador do projeto, um dos principais benefícios da solução em nível nacional é a centralização e qualificação dos dados.

“Hoje, essas informações estão pulverizadas, muitas ainda em formato físico. Com um sistema nacional, será possível armazenar e acompanhar, em uma única plataforma, todos os dados referentes à saúde e à segurança dos trabalhadores do SUS, oferecendo ao Ministério da Saúde uma base sólida para a construção de políticas públicas voltadas a esses profissionais”, destacou o docente.

Ainda segundo Carvalho, a solução está em fase de análise para inclusão no Plano Diretor de Tecnologia da Informação (PDTI) do Ministério da Saúde e a previsão é que, uma vez oficializado, o desenvolvimento da tecnologia se inicie no próximo ano.

O projeto conta com a participação do docente Patrick Terrematte e do Diretor Adjunto de TI André Santiago, ambos do IMD. A equipe reúne ainda bolsistas dos cursos de TI, Ciências e Tecnologia e das Engenharias da Computação e de Software.

Reconhecimento

A iniciativa surgiu a partir do reconhecimento do sistema desenvolvido para a Sesap/RN. Durante visitas técnicas realizadas aos estados brasileiros, uma equipe da UFBA, responsável pela elaboração do Plano Nacional de Saúde e Segurança do Trabalhador – financiado pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) – identificou a experiência potiguar como a mais avançada do país nessa área.

A partir disso, o IMD/UFRN foi convidado a integrar as discussões e a desenvolver um protótipo de um SOST em escala nacional.

Atualmente, o gerenciamento da saúde e segurança dos trabalhadores do SUS no Brasil ocorre de forma descentralizada, por meio de diferentes sistemas e registros, sem padronização ou integração nacional.